Por: Mariana Fernanda e Wanessa Gondim
Descartes, pioneiro no pensamento
filosófico moderno, aventurou-se nas questões da filosofia, matemática,
metafísica e epistemologia tornando seu pensamento extremamente importante para
o desenvolvimento científico metodológico. Criou um método universal de uso da
razão que pudesse questionar as verdades conhecidas, seguindo uma sequência de
verificação, análise, síntese e enumeração. Dessa forma trouxe a ideia de que
as evidências da razão são claras, indicando que os nossos sentidos são
confusos e nos enganam.
O autor duvida sistematicamente de
tudo, dos nossos sentidos, das evidências científicas, no entanto, apenas não
contraria a única evidência de sua própria existência, de seu ser pensante:
“Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo). Com isso iremos
trazer algumas reflexões, dúvidas acerca do conflito que é intermediar ações da
razão e dos sentimentos, e os julgamentos feitos aos nossos conceitos de certo
e errado, ilustraremos com cenas e quadrinhos.
A paixão contradiz a razão? É possível
nos guiarmos somente pela razão, desconsiderando as nossas vontades
impulsionadas por nossas emoções, sentimentos, paixões? De acordo com Descartes
é necessário que nossas vontades sejam guiadas apenas pela razão, assim,
evitaríamos o erro, consequência do mau uso de nossos desejos, nossas vontades.
A seguir uma cena de Hércules que ilustra um momento em que o herói toma uma
decisão baseado em sua paixão pela bela Meg.
Cena Hércules - https://www.youtube.com/watch?v=EFGx7NMPD3M&feature=youtu.be
Quando somos guiados
somente pela nossa emoção, tendemos a não pensar claramente nas consequências
de nossas ações e sendo assim as chances de tomarmos uma decisão errada
aumentam. Mas será que a razão está sempre certa? No caso de Hércules ele agiu
certo ou errado ao salvar a vida de quem amava e colocar em risco a vida de
outras pessoas?
Para Descartes as pessoas conhecem o
que é certo através de evidências. Tal conhecimento proporciona um aumento na
liberdade. Desse modo, com o conhecimento do que é certo, as escolhas se
tornariam mais claras, “pois se eu conhecesse sempre claramente o que é
verdadeiro e o que é bom, nunca teria dificuldade em deliberar o julgamento e a
escolha que deveria fazer, e assim eu seria inteiramente livre sem jamais ser
indiferente” (MARCONDES, 2009, p.69).
Mas o que seria o certo e o que seria o
errado? Existem somente estes dois caminhos na vida? Levando em consideração a
tirinha, o bem é certo e o mal é errado? Descartes vai dizer que é necessário
ter “julgamentos firmes e determinados”, baseados na informação dessa
dualidade, além de atitudes baseados em fundamentos verdadeiros para que se
conduza as ações de forma justa.
Através do nosso pensamento racional,
temos um conhecimento natural do que é certo e errado. À medida que nossas
vontades guiadas pela razão prevalecem em detrimento das nossas vontades
primitivas, nos tornamos mais fortes e conseguimos tomar decisões mais justas,
baseadas no conhecimento da verdade. Mas o que é verdade e o que é justiça? A
verdade e a justiça são sempre as mesmas? E valem para todas as épocas,
culturas e situações?
A seguir uma cena em que há o diálogo
entre o padre e o Demolidor, herói que tenta vingar a morte do pai. Nesta cena,
qual seria a atitude justa a ser tomada no caso relatado pelo padre? Tirar a
vida de alguém pode ser considerado certo e justo?
Nós conseguimos estar inteiramente
convictos em nossas decisões? Segundo Descartes temos conhecimento do que é
certo e por isso deveríamos fazer escolhas justas. Mas então por que nos
enganamos? Por que existem ações que não são justas? Por que seguir as paixões
se só é possível conceber o que é justo através da razão? Só existe uma forma
de racionalizar as situações?
Essa segunda cena de demolidor traz
algumas questões. É possível estabelecer uma fronteira, ou existem graus de
certo e errado? Há ações que não são
totalmente certas nem totalmente erradas? Ou há somente ações inteiramente
certas e inteiramente erradas? É possível que uma ação errada leve a uma
consequência correta?
Para Descartes deveríamos preferir
mudar os nossos desejos que a ordem mundial, e sermos firmes e resolutos em
nossas ações. Mas até que ponto é preferível anular nossos desejos para que a
ordem mundial não mude? A sociedade deve permanecer a mesma? Sempre com o mesmo
padrão moral e ético?
Muito há que se pensar ainda sobre as
definições de certo e errado. Tais conceitos são passíveis de diversas
interpretações, dependendo de contextos cultural, histórico, econômico e etc.
Restringir esses conceitos a concepções rígidas pode eventualmente acabar
gerando vários conflitos tanto internos quanto externos. A seguir é apresentado
um último vídeo, o trailer do filme Sniper Americano, que ilustra esse conflito
entre a distinção de certo e errado. A partir desse trailer e do que já foi
abordado neste texto, uma última reflexão se faz necessária: o que é certo para
mim é certo para o outro? E se não for, como devo agir?
Referências:
MARCONDES,
Danilo. Descartes In Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Rio
de Janeiro: Zahar, 2007, pp 67-71.
<MADJAROF,
Rosana. A filosofia de Descartes > Disponível em: http://www.mundodosfilosofos.com.br/descartes.htm
Acesso em: 13 de junho de 2015
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