segunda-feira, 20 de julho de 2015

Descartes: distinção entre o certo e o errado?

Por: Mariana Fernanda e Wanessa Gondim


Descartes, pioneiro no pensamento filosófico moderno, aventurou-se nas questões da filosofia, matemática, metafísica e epistemologia tornando seu pensamento extremamente importante para o desenvolvimento científico metodológico. Criou um método universal de uso da razão que pudesse questionar as verdades conhecidas, seguindo uma sequência de verificação, análise, síntese e enumeração. Dessa forma trouxe a ideia de que as evidências da razão são claras, indicando que os nossos sentidos são confusos e nos enganam.
O autor duvida sistematicamente de tudo, dos nossos sentidos, das evidências científicas, no entanto, apenas não contraria a única evidência de sua própria existência, de seu ser pensante: “Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo). Com isso iremos trazer algumas reflexões, dúvidas acerca do conflito que é intermediar ações da razão e dos sentimentos, e os julgamentos feitos aos nossos conceitos de certo e errado, ilustraremos com cenas e quadrinhos.
A paixão contradiz a razão? É possível nos guiarmos somente pela razão, desconsiderando as nossas vontades impulsionadas por nossas emoções, sentimentos, paixões? De acordo com Descartes é necessário que nossas vontades sejam guiadas apenas pela razão, assim, evitaríamos o erro, consequência do mau uso de nossos desejos, nossas vontades. A seguir uma cena de Hércules que ilustra um momento em que o herói toma uma decisão baseado em sua paixão pela bela Meg.


Quando somos guiados somente pela nossa emoção, tendemos a não pensar claramente nas consequências de nossas ações e sendo assim as chances de tomarmos uma decisão errada aumentam. Mas será que a razão está sempre certa? No caso de Hércules ele agiu certo ou errado ao salvar a vida de quem amava e colocar em risco a vida de outras pessoas?

Para Descartes as pessoas conhecem o que é certo através de evidências. Tal conhecimento proporciona um aumento na liberdade. Desse modo, com o conhecimento do que é certo, as escolhas se tornariam mais claras, “pois se eu conhecesse sempre claramente o que é verdadeiro e o que é bom, nunca teria dificuldade em deliberar o julgamento e a escolha que deveria fazer, e assim eu seria inteiramente livre sem jamais ser indiferente” (MARCONDES, 2009, p.69).


Mas o que seria o certo e o que seria o errado? Existem somente estes dois caminhos na vida? Levando em consideração a tirinha, o bem é certo e o mal é errado? Descartes vai dizer que é necessário ter “julgamentos firmes e determinados”, baseados na informação dessa dualidade, além de atitudes baseados em fundamentos verdadeiros para que se conduza as ações de forma justa.
Através do nosso pensamento racional, temos um conhecimento natural do que é certo e errado. À medida que nossas vontades guiadas pela razão prevalecem em detrimento das nossas vontades primitivas, nos tornamos mais fortes e conseguimos tomar decisões mais justas, baseadas no conhecimento da verdade. Mas o que é verdade e o que é justiça? A verdade e a justiça são sempre as mesmas? E valem para todas as épocas, culturas e situações?
A seguir uma cena em que há o diálogo entre o padre e o Demolidor, herói que tenta vingar a morte do pai. Nesta cena, qual seria a atitude justa a ser tomada no caso relatado pelo padre? Tirar a vida de alguém pode ser considerado certo e justo?

        
Nós conseguimos estar inteiramente convictos em nossas decisões? Segundo Descartes temos conhecimento do que é certo e por isso deveríamos fazer escolhas justas. Mas então por que nos enganamos? Por que existem ações que não são justas? Por que seguir as paixões se só é possível conceber o que é justo através da razão? Só existe uma forma de racionalizar as situações?
Essa segunda cena de demolidor traz algumas questões. É possível estabelecer uma fronteira, ou existem graus de certo e errado?  Há ações que não são totalmente certas nem totalmente erradas? Ou há somente ações inteiramente certas e inteiramente erradas? É possível que uma ação errada leve a uma consequência correta?


Para Descartes deveríamos preferir mudar os nossos desejos que a ordem mundial, e sermos firmes e resolutos em nossas ações. Mas até que ponto é preferível anular nossos desejos para que a ordem mundial não mude? A sociedade deve permanecer a mesma? Sempre com o mesmo padrão moral e ético?
Muito há que se pensar ainda sobre as definições de certo e errado. Tais conceitos são passíveis de diversas interpretações, dependendo de contextos cultural, histórico, econômico e etc. Restringir esses conceitos a concepções rígidas pode eventualmente acabar gerando vários conflitos tanto internos quanto externos. A seguir é apresentado um último vídeo, o trailer do filme Sniper Americano, que ilustra esse conflito entre a distinção de certo e errado. A partir desse trailer e do que já foi abordado neste texto, uma última reflexão se faz necessária: o que é certo para mim é certo para o outro? E se não for, como devo agir?

Trailer "Sniper Americano" - https://www.youtube.com/watch?v=CJ74sc-NESA


Referências:

MARCONDES, Danilo. Descartes In Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, pp 67-71.

<MADJAROF, Rosana. A filosofia de Descartes > Disponível em:  http://www.mundodosfilosofos.com.br/descartes.htm Acesso em: 13 de junho de 2015


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