Por
Stephanie Calado e Renata Priscylla
“Sigmund Freud, nascido em 1856 na cidade de
Freiberg, na Morávia, então parte do Império Austríaco. [...] De origem judaica,
formou-se em medicina e especializou-se em psiquiatria, estudando em Viena e
depois em Paris. Foi em Viena, capital do Império Austríaco e um dos grandes
centros culturais do início do século XX, que viveu a maior parte de sua vida
profissional, onde desenvolveu seu trabalho clínico e formulou a teoria
psicanalítica. Faleceu em Londres em 1939, onde se exilara para escapar da
perseguição nazista.” MARCONDES (2007).
Como acréscimo, uma curiosidade: apesar de
concentrar os seus esforços no estudo e tentativas de compreender o
inconsciente, Freud também contribuiu – da maneira que melhor sabe –para a
reflexão nos campos da ciência, da filosofia, da religião e das artes. Hoje,
falaremos a respeito das suas colaborações a respeito da Ética.
Freud faz questionamentos sobre o que
fundamenta os valores éticos, como estes se justificam e identifica a moral
como a instância central da decisão ética. Para, além disso, mostra que a ação
humana não é pautada apenas no controle racional e nas deliberações
conscientes, mas que é em grande parte, determinada por elementos
inconscientes: instintos, traumas, desejos, dos quais não estamos plenamente
conscientes.
As contribuições de Sigmund Freud sobre ética
aparecem principalmente na obra "O mal-estar na civilização" (1978)
cuja história refere-se ao conflito entre duas características humanas: Eros
(amor) e Tânatos (instinto de morte) que, de certa forma, são apresentados
enlaçados e indissolúveis entre si, ou seja, metaforicamente, Freud
apresenta estas duas esferas como princípios que atuam tanto no interior quanto
no desenvolvimento do indivíduo, onde estas devem interagir em grupos diante do
(e graças ao) processo de civilização humana.
É na observação metafórica de Tânatos e Eros
que a concepção de aparelho psíquico (id,
ego e superego) de Freud é recolocada, só que desta vez, mostrada numa
perspectiva especial. À medida de informação, tal concepção compreende o Id
como correspondente ao inconsciente, o Ego (ou eu) como a consciência e
Superego (ou super-eu) como a instância crítica, uma autoridade externa que
inclui os valores morais e que pode atuar como uma espécie de “consciência” que
pode ser expressada como um sentimento de culpa e uma necessidade de punição
quando há a transgressão ou intencionalidade de infração dessas “leis” morais.
Freud então se preocupa em mostrar a ideia de
um superego não psicológico, e sim um superego cultural. O superego
corresponde, como ele diz, à força dos primeiros grandes líderes da comunidade,
que registraram as primeiras leis e que, enfim, mostraram-se divinos ao agirem
dessa forma. São exatamente esses líderes que irão deixar para as suas comunidades,
que continuam os seus desenvolvimentos, as exigências “que tratam das relações
dos seres humanos uns com os outros” e que estão “abrangidas sob o título de
ética”. Em outras palavras, o superego cultural é nada mais nada menos que a
ética em si.
Para ilustrar o que Freud propôs, utilizamos da mesma
artimanha que ele: metáforas!
No vídeo, produzido pela companhia
humorística Porta dos Fundos, intitulado
“Os Dez Mandamentos” é demonstrada em forma de uma sátira o momento em que
Moisés entrega ao povo Hebreu a tábua com as novas “leis” estabelecidas por
Deus para que estas fossem seguidas por eles. A resposta recebida pelos atores
coadjuvantes é um tanto irônica e com um tom crítico levemente percebido ao
fazer questionamentos quanto à veracidade dessas leis, seu momento de
“efetivação” e as punições que seriam sofridas por aqueles que os
descumprissem. Veja abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=eLawrQ1KQno
Analisando o vídeo, podemos nos remeter ao
conceito de superego trazido por Freud e personificado na figura de Deus, que
compartilha suas leis e que age como essa força autoritária e externa, a
instância crítica que traz os valores morais necessários para uma existência
harmoniosa. É este superego que garante que as pessoas não se comportem de
maneira socialmente repreensível, estando ligado também ao controle dos
impulsos.
Seguindo a mesma linha de raciocínio,
trouxemos como exemplo um trecho de uma série norte-americana (de ficção)
aclamada pela crítica de todo o mundo, Dexter. No seriado, Dexter é um serial killer que concentra as suas
forças em matar outros que machucaram outras pessoas deliberadamente e não
responderam por isso, ou seja, a sua “vontade de matar” é deslocada para
pessoas que, de alguma forma, driblam o “sistema” e não são presas. No vídeo
abaixo, Dexter cita o “código de Harry” que são mandamentos estabelecidos
pelo próprio pai (seu superego), que
direcionam suas ações com a maneira correta com a qual ele devia se comportar
para que não ele seja descoberto.
Esta educação através dos princípios morais
faz com que estes princípios sejam introjetados e assimilados de maneira a
trazer uma resposta do indivíduo quando não estão sendo seguidos corretamente
ou, antes mesmo de ocorrerem, quando são intencionados. Existe então, uma
tensão entre o superego severo e o ego, tratando-se do que conhecemos como
“sentimento de culpa”.
Trazendo outro exemplo, na tirinha abaixo
Mafalda em conversa com a mãe apresenta uma situação na qual, apesar de sua
vontade contrária, agiu de forma eticamente
correta no que tange os preceitos estabelecidos na sociedade na qual roubar
é algo “feio”.
Este “inquilino” citado por Mafalda, nada
mais seria do que o Superego expresso como uma “voz da consciência”, com a qual
todos nós estamos familiarizados e que rodeiam nossas ações, analisando-as,
criticando e direcionando-as para um comportamento mais aceitável ou até
mesmo, condenando um comportamento, fazendo com que exista um sentimento de
culpa quando há a percepção de ter-se feito algo mau ou errado.
Ademais, pensar a ética em Freud nos remete
ao imaginário dessas inconstâncias dos nossos comportamentos e dos fatores que
as influenciam e regem, considerando a importância dos fatores inconscientes na
nossa consciência moral e atitudes sociais. Sugerimos então, uma reflexão mais
centralizada nos aspectos da ética psicanalítica e na influência do superego no
nosso próprio comportamento e sua tensão com nosso ego, originando o sentimento
de culpa. Quais são suas influências e seus limites nas nossas vidas?
REFERÊNCIAS:
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Ética: de Platão a
Foucault. 4 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,2009.
Por Stephanie Calado e Renata Priscylla
https://www.youtube.com/watch?v=eLawrQ1KQno
Analisando o vídeo, podemos nos remeter ao conceito de superego trazido por Freud e personificado na figura de Deus, que compartilha suas leis e que age como essa força autoritária e externa, a instância crítica que traz os valores morais necessários para uma existência harmoniosa. É este superego que garante que as pessoas não se comportem de maneira socialmente repreensível, estando ligado também ao controle dos impulsos.
Esta educação através dos princípios morais faz com que estes princípios sejam introjetados e assimilados de maneira a trazer uma resposta do indivíduo quando não estão sendo seguidos corretamente ou, antes mesmo de ocorrerem, quando são intencionados. Existe então, uma tensão entre o superego severo e o ego, tratando-se do que conhecemos como “sentimento de culpa”.
Muito bom
ResponderExcluirotimo
ResponderExcluir